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Cada voz é uma mulher

Virgínia Rodrigues traz, em novo disco, a lusofonia feminina e seu canto sem fronteiras

Esse texto é só um convite. Sem muitas pretensões analíticas, é só um papo de fã mesmo.

Que cê acha de ouvirmos o novo disco de Virgínia Rodrigues? Já tá em todas as plataformas digitais, abre a sua aí e toca o play enquanto lê esse texto.

Já dialogamos sobre essa grande cantora e sua trajetória na música brasileira, suas conexões e suas contribuições inefáveis à arte do canto. Esse texto está disponível aqui, dá uma lida também, acho que você vai gostar:

A voz maior, quando canta: de dentro da chuva, Aline Frazão entoa a canção que a paz reclama

Passados seus 20 anos de carreira, Virgínia voltou ao disco com uma das obras mais bonitas desse 2019 rápido de doer. É o sexto disco da cantora batizado de “Cada voz é uma mulher” (2019).

Com produção artística de Tiganá Santana, bisando a parceria do belo disco anterior “Mama Kalunga”, o disco conta também com a participação de Leonardo Mendes no violão, João Taubkin no baixo acústico e de Cauê Silva e Sebastian Notini nas percussões.

Em “Cada voz é uma mulher”, Virgínia ecoa a voz de muitas mulheres em arco que estabelece diálogo com a lusofonia de ambos os lados do Atlântico envolvendo Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.

Músicas como Ter peito e espaço, composição de Sara Tavares, João Pires e Edu Mundo, e Storia Storia, cantada com a autora Mayra Andrade, indicam a delicadeza da costura dos laços e conexões afroatlânticas feitas por Virgínia no álbum.

Virgínia Rodrigues – Ter peito e espaço (Sara Tavares, João Pires e Edu Mundo)

 

Além de cantar mulheres como Lenna Bahule, Luedji Luna e Ceumar, Virgínia homenageia Carolina Maria de Jesus, autora do best seller “Quarto de despejo”, com a música de autoria da escritora, Vedete da favela (Carolina Maria de Jesus), cantada em samba de roda com toques modernos, a exemplo da música Vá cuidar de sua vida (Itamar Assumpção), do disco anterior.

Sobre o último trabalho de Virgínia, disse Fabiana Cozza:

Virgínia Rodrigues faz de seu corpo residência e eco de outros tantos corpos femininos, matriarcais e matriciais. Sua voz imensa, é desterro e desfiladeiro para memórias e gritos. O que canta está nas ruas, vive hoje porque sobreviveu e persegue a sua caminhada imemorial. Seu cantar é balanço e urgência, achote e silêncio em tempos que nos exigem reflexão, verbo, resistência, irmandade e reza. As mulheres que canta estão emolduradas em física e ar.

 

Virgínia Rodrigues – Vedete da favela (Carolina Maria de Jesus)

 

É das vidas emolduradas de mulheres de diferentes sotaques da língua portuguesa que trata o disco de Virgínia, em sua múltipla complexidade, como canta na primeira música do álbum, Sumaúma (Aline Frazão), da angolana Aline Frazão, sobre quem falamos nessa matéria:

A voz maior, quando canta: de dentro da chuva, Aline Frazão entoa a canção que a paz reclama

Virgínia é assim, como a sumaúma, “é irmã de causa e de casa (…), a mãe de todas as plantas”, que com sombra imensa e generosa abriga a todas e todos que têm sede de vida, de força e de beleza.

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Fredson Carneiro

Baiano de Ibititá, sou apaixonado por música desde sempre. Sendo um diletante nas artes, sou mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Brasília e doutorando em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde desenvolvo pesquisa sobre as transformações promovidas no direito e na política pelas lutas das pessoas transvestigeneres. Sobre a vida e a música, concordo com Milton Nascimento: "Há canções e há momentos/Em que a voz vem da raiz/Eu não sei se é quando triste/Ou se quando sou feliz/Eu só sei que há momento/Que se casa com canção/De fazer tal casamento/Vive a minha profissão".

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