FAMÍLIA ROCHA: Cinema e música que descrevem o “Terceiro Mundo”

De Glauber à Ava arte para deixar a terra em transe

A conexão das artes é algo surpreendente de se observar. Sobretudo se tratando de momentos históricos turbulentos, a maior expressão de resistência se revela em manifestações artísticas diversas. O cinema, o teatro, a música, os quadrinhos. Artistas são pessoas que tomam para si a tarefa de expressar as épocas em seus trabalhos.

Um dos maiores nomes do cinema nacional, por não ter medo de retratar a dura realidade Latino Americana, é Glauber Rocha. Nascido em Vitória da Conquista na Bahia, o cineasta foi vencedor de vários prêmios internacionais e teve filmes censurados pela ditadura que acometia o Brasil na época.

Foi um crítico fervoroso das condições socioeconômicas em que os países da América Latina sempre se encontraram. Glauber é um gênio porque conseguiu produzir obras grandiosas utilizando recursos limitados nas gravações e retratou muita injustiça e miséria nos roteiros. Dessa maneira, seus filmes são repletos de irreverência nas perspectivas das câmeras, causam reações estranhas pelo caráter orgânico das cenas. Além disso, maravilham pelas trilhas sonoras da música regional nordestina. Sua existência e importância na história do cinema ainda é muito pouco contemplada no Brasil.

Ava Rocha, preciosa herança de Glauber

O cineasta é pai da musicista Ava Rocha, um dos principais nomes da música contemporânea Latino Americana. O trabalho de Ava revela que em suas veias corre o sangue revolucionário do pai. Ou seja, o espírito de transgressão nos elementos sonoros, as letras feministas, os clipes cheios de cores fortes, cortes constantes de cenas, feitiçaria e sensualidade. Ava representa muito bem o Brasil neste momento de ápice da Revolução Feminista Latino Americana. Seu último disco, lançado em 2018, chega com muita irreverência e ativismo. “As rainhas do pecado tão chegando”