Liträo: a natureza irrevogável de um estilo concatenado ao desprazer
Inconsolável, lo-fi e lúgubre, como o bom doom deve ser

E aí, meus taokeis, turo pom?
Hoje eu estava no bandcamp exercitando meu vício de caçar artistas novos e me deparei com esses animais raros da Liträo com o EP O Filho Que Você Despreza. O que chamou minha atenção inicialmente foi a capa num estilo de arte em xilogravura que me agrada muito, semelhante ao utilizado pela banda estadunidense Thou.
Confesso que foi uma surpresa o que encontrei nesse disco. Eu não estava preparado, presumi que seria outra vibe, talvez uma parada mais descompromissada e irreverente, até por conta do nome da banda. No entanto, o que eu achei foi uma doomzera sincera, primitiva, lo-fi e com lindas e melancólicas melodias.
Lindo e melancólico pode soar contraditório e até cheesy, mas o doom tem dessas. A música extrema abre um leque de oportunidades de expressão de emoções inimagináveis e eu vou sempre levantar a bandeira dos guturais aqui neste site. Incrível a atmosfera obscura que esses bichos conseguem criar: é obscura, é fria, é suja, é triste. Quase como se eu estivesse vivendo no buraco de Dorohedoro.
Doom metal do jeito que eu gosto, onde tudo foi feito certo, desde a harmonia e a ambientação até os riffs e etc. Ter uma banda tirando um som assim em terras brasileiras é simplesmente sensacional pro cenário.
10/10