RAP

Froid explica: a trajetória do rapper desde o UBR até o novo disco anunciado

Lançando terceiro single de produção independente depois de seu primeiro álbum solo O Pior Disco do Ano, o polêmico rapper brasiliense entoa "Fique Rico ou Moralismo" na divulgação do próximo CD

#PERFIL

R
enato Froid, atualmente uma das maiores revelações do hip hop brasileiro, depois do sucesso de O Pior Disco do Ano, acaba de lançar, no dia 31 de julho, o terceiro single do novo álbum Teoria do Ciclo da Água, de produção assinada por ele mesmo e ainda sem data de lançamento. Conhecido pela voz profunda, pelo flow excêntrico (“rap de doidão”, fala uma de suas músicas) e pelas afirmações e temas mais excêntricos ainda, nosso Original RudeBoy tem mostrado que o Rap do DF está mesmo invadindo a cena, e pra ficar.

Froid

“Preciso debater assuntos como o aborto e a erva. O Estado vai encher vocês com o máximo de merda.
Seus olhos vão arder, são muitos anos na caverna. Precisamos de um PC que desinstale o caos da Terra.”
Froid, Pseudosocial

Originário da capital, a carreira de Froid começou em um grupo que, em atividade desde 2011 e formado por ele, Sampa, Yank e mais tarde, DJ Distinto, “representava o centro de Brasília, mas tinha uma pegada underground que faltava na cena da cidade”. Este grupo era o Um Barril de Rap (UBR), do qual Froid era mentor, vocalista principal e, além de escrever letras, produzia também os beats, o que aprendeu a fazer na mesma época. A banda acabou em 2017 com a saída de Yank (Froid anunciou em publicação no seu Facebook como o fim do “melhor grupo que Brasília já teve”) mas, com dois álbuns lançados (CD dos Meninos e 2ª Via), deixou o rapper com alguns sucessos nas mãos, especialmente Pseudosocial, primeiro hit do UBR a viralizar, com mais de 100 mil visualizações em apenas 15 dias.

Sobre Pseudosocial, Froid explica que “é um pedaço de letra do CD que não encaixou em nenhuma faixa e tava salvo aqui. E aí outro dia eu tava fazendo beat, fiz um beat e achei que ficou ‘da hora’, aí eu gravei”.

Em sua carreira solo, talvez uma herança do UBR, Froid é aclamado por “mandar a real” em temas polêmicos do cotidiano no DF, mesclando reflexões extremamente politizadas com retratos do dia-a-dia brasiliense, como referências irônicas ao Nicolândia’s Parque e ao VillaMix. Com suas principais influências em ícones como Chico Buarque, O Rappa e Sabotage, um dos projetos de maior repercussão do rapper foi um pocket show Acústico lançado em três clipes para o Youtube (A Culpa é Das Igrejas/Sinais, Debate Sobre a Erva e No Mundo da Lua/Abraço). Com participações de Cynthia Luz, Pedro Qualy (Haikass), DJ Distinto e da banda Medulla, estes singles são hoje os mais famosos de seus trabalhos.

“Camisa de força não cala minha boca, na terra da crocodilagem, onde preto é ladrão. Ouve que visão, muita intuição: sei que meu valor não tem
distinção de cor.”
Froid, No Mundo da Lua/Abraço

No Acústico dirigido pela produtora paulista Casa1, Froid e seus parceiros se aventuravam, junto com o Rap, em nuances características do Reggae e da MPB. O projeto trazia por um lado temas mais ecléticos, discutindo abertamente sobre drogas, proibicionismo e realidade periférica, e por outro, um flow mais cadenciado ao estilo Criolo, com refrões populares clássicos na voz onipresente de Cynthia Luz como segunda vocalista. É neste mesmo encontro que o rapper grava o sucesso Bicho de 7 Cabeças/A Culpa é das Igrejas, divulgado somente no canal Rap Box, onde tem hoje mais de 17 milhões em views.

As duas músicas são pout-pourris de faixas lançadas em 2015 no primeiro álbum do Um Barril de Rap, CD dos Meninos, respectivamente, A Culpa é das Igrejas, Sinais e Bicho de 7 Cabeças.

Ainda nos tempos de UBR, Froid e os meninos abriram um show em Brasília do 3030, uma das bandas de Rap carioca que mais vem crescendo nos últimos anos, e com quem o grupo brasiliense estabelece contato para formar parcerias e gravar juntos. Como comentamos, em 2017, o Um Barril de Rap assiste a seu fim, mas as oportunidades estavam lançadas para Froid: no mesmo ano, o rapper lança seu primeiro álbum solo O Pior Disco do Ano com o selo Novo Egito, gravadora montada por Luan LK (que assina a produção da maioria das músicas) e o outros rapazes do 3030, atualmente responsáveis pelo lançamento de azes novos e antigos no hip hop BR, como MV Bill e Rodrigo Cartier.

No hit Debate sobre a Erva, Froid e Pedro Qualy cantam “Proibição que cega a mente de quem segue a mídia, e depois de velho eu tenho que fazer média”.

Na vibe urbana e intelectual da banda carioca e da produção de LK, Froid teve espaço para explorar mais faixas antigas, como em Lamentável Pt. III e Debate Sobre a Erva, regravadas para o álbum, e se lançar sobre a criação de novas, como Cê Sabe Quem e Cortina de Fumaça, investindo mais uma vez em samples de diálogo como introdução aos beats (inclusive, o novo CD inicia com uma reflexão de Caetano Veloso a respeito do ego na arte) e em críticas sociais explícitas ao Estado, à polícia, à proibição etc. Com as participações especiais de Cynthia Luz e Pedro Qualy (Haikass), antigos companheiros de Froid, e dos novos Nissin, Rodrigo Cartier e Makalister, o disco aposta também numa pegada pros lados do R&B e do Trap, estilos que vêm influenciando bastante os trabalhos da Novo Egito.

Com feats. de Rodrigo Cartier e Nissin, a faixa Cortina de Fumaça se destaca como uma das mais expressivas do álbum, numa levada completamente diferenciado em relação aos sons mais conhecidos de Froid.

Finalmente, no último dia 31 de julho, mês passado, o rapper brasiliense publicou em seu canal mais um single de seu novo álbum anunciado, Teoria do Ciclo da Água, de produção independente e ainda sem data prevista para lançamento. O hit Fique Rico ou Moralismo, com quase 4 milhões de visualizações em apenas um mês, é a terceira música e videoclipe liberados do novo disco, antecedida pela faixa-título Teoria do Ciclo da Água e por Garota (mais uma vez contando com a participação de Cynthia Luz).

“No outro álbum eu critiquei o Drake, nesse álbum eu o copiei. Mano, olha só como eu mudei, me perdoe Deus porque eu errei. Eu comprei meu coração no Ebay, essa porra veio com defeito. Eu fazia Rap antes do Trap, então posso rimar desse jeito.”Froid, Fique Rico ou Moralismo

Após o lançamento do clipe, Froid publicou o já sucesso Fique Rico ou Moralismo em sua página pessoal de Facebook com os dizeres “se não gostar, problema seu”.

Nessa nova fase, como a letra da faixa recém-lançada ilustra bem, Froid se aprofunda em suas referências no Trap, passando por beats mais modernos, até dançantes, e por rap’s mais lentos, mesclados novamente com influências bastante ecléticas. Recentemente, o rapper foi a suas redes sociais para revelar que o projeto está em fase final de produção, que irá contar com 9 faixas e que ainda está sem data de lançamento, porém já pronto para mixagem e masterização.

Em meio a tantas mudanças, novos trabalhos e pautas polêmicas, Froid é com certeza um retrato vivo do Rap do DF: eclético, contemporâneo e ousado. E você? Já ouviu O Pior Disco do Ano pra esperar o novo? Não? Então corre lá e escuta que não sabemos se é o pior mesmo, mas que é bom, e muito, não há dúvidas.

 

#DISCOS

 

SOLOS
O Pior Disco do Ano

O Pior Disco do Ano
2017
Novo Egito


Teoria do Ciclo da Água

Teoria do Ciclo da Água
Anunciado
Independente

PARCERIAS
CD dos Meninos

CD dos Meninos
Um Barril de Rap
2015
Independente


2ª Via

2ª Via
Um Barril de Rap
2015
Independente


Acústico

Acústico
Froid e Cia.
2015
Casa1

#OndeEscutar

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