ELETRÔNICA

Teto Preto sobe o tom contra a intolerância e lança clipe de Bate Mais

O grupo aborda questões atuais nas esferas política e social com uma linguagem moderna e prazerosa

Começo esse texto falando da responsabilidade que sinto em escrever publicamente sobre o grupo musical que mais tem me chamado a atenção nos últimos tempos: Teto Preto. No entanto sua relevância e contribuição acerca dos debates políticos, e  do potencial educativo não-formal me propulsiona a arriscar! O que essa galera carrega de tão intrigante que se tornaram temas dos meus artigos e seminários?! Engajamento político!…
Desenvoltura, contemporaneidade e mais engajamento político!  

    Tudo possui pretensão ou pré-tensão e meu  intuito ao incentivá-los a conhecer um projeto musical tão crítico está diretamente relacionado a pré tensão que as produções abordam e a polarização  ás cegas que vivemos no cenário político atual.

    O racismo é uma das práticas preconceituosas mais históricas no mundo e ainda é praticado na sociedade atual em diversos formatos diferentes. Ao lado do racismo andam passo a passo a xenofobia, o preconceito de gênero, as diásporas e a eterna colonização, e incrivelmente o grupo Teto Preto consegue abordar tudo isso numa linguagem poética, visceral e dançante. Através de batidas envolventes de Techno, hibridismos de MPB, percussão afro-brasileira e eletrônico, e letras  politicamente fortes, o grupo Teto Preto sintetiza questões sociais em uma experimentação musical e corporal única e extremamente prazerosa!

     Apesar da poética das letras, a subjetividade constante e o contexto histórico escondido em cada frase, a produção audiovisual é completa e nos transmite  mensagens nítidas, vezes dolorosas, vezes de resistência. Mas certamente o que mais impressiona é o quanto as produções são atuais e parecem prever os territórios de guerra que se formam no Brasil dos últimos anos para cá. Portanto possuem um caráter urbano e moderno, que fala do corpo, das classes, e da urgência de ações!

     O grupo composto por  L_cio, Zopelar, Bica e Angela (do grupo Angela Carneosso e a Peste) se lançou com o som  Gasolina, cujo conteúdo me rendeu uma grande análise sobre a lenda de Eldorado na América Latina, o Catolicismo e a opressão militar, temas presentes no discurso por trás da música.

Pois bem, depois de afrontarem as autoridades com um corpo negro e imigrante do performer franco-congolês Loïc Koutana, o grupo acaba de lançar o som Bate Mais, mostrando que não estão para brincadeira.

Em Bate Mais, o performer  Loïc Koutana aparece novamente, quase que como, um símbolo do grupo, devido ao quanto sua identidade dialoga com os apontamentos levantados nas produções, enquanto a artista Carneosso desafia  o conservadorismo usando uma roupa que evidencia seus seios e genitália.

Além da estética visual impactante presente no videoclipe, a música traz em sua letra questionamentos que podem ser lidos de uma perspectiva histórica e também fatos atuais, como a morte não investigada de Marielle Franco (socióloga, feminista, defensora dos direitos humanos e política brasileira assassinada 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro) e da estudante de artes visuais Matheusa Passareli também assassinada no Rio.

Evidentemente, devido ao formato do projeto é improvável que Teto Preto seja transmitido em um canal como a Rede Globo, então desfrutem dessa joia disponível no youtube, Spotify e se liguem na agenda pois os mesmos estão circulando o Brasil com essa proposta imprescindível.


OUÇA NO SPOTIFY!

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fictícius

Estudante de Letras, Artes e Mediação Cultural na Universidade de Integração Latino Americana - UNILA - vive de música, arte e cultura. Atua com artes plásticas e digitais, performance e pesquisa. Vai trazer um raio-x do continente e muitas influências para descolonizar os seus ouvidos e a sua mente.

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